segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Biografia de Vinícius de Moraes

Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes nasceu em 19 de Outubro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro - RJ, e pertenceu à segunda geração do Modernismo no Brasil. Era filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da prefeitura, poeta, violonista amador, e de Lídia Cruz de Moraes, pianista também amadora.

Viveu toda a sua infância no Rio, tendo nascido no bairro da Gávea, aos três anos se mudou para Botafogo para morar com os avós e estudar na Escola Primaria Afrânio Peixoto. Foi também na sua infância que escreveu seus primeiros versos. Em 1924 entrou para o Colégio Santo Inácio, em Botafogo, onde cantava no coro da igreja e montava pecinhas de teatro.

Primeiros anos de vida.
Em 1929 concluiu o curso ginasial e a família retornou para a Gávea. Nesse mesmo ano ingressou na Faculdade de Direito do Catête e se formou em Direito em 1933, ano em que publicou “O Caminho para a Distância”, seu primeiro livro de poesia
Vinicius, por volta dos quatro anos
Em 1935, recebeu o prêmio Filipe d’Oliveira pelo livro Em 1935, seu livro Forma e exegese. Em 1936, empregou-se como censor cinematográfico, representando o Ministério da Educação e Saúde. Dois anos depois, em 1938, ganhou bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford, e nesse ano publicou os Novos poemas. Com o inicio da Segunda Guerra Mundial, retornou ao Rio de Janeiro.
Nos anos seguintes publicou ainda muitos poemas e ficou conhecido como um dos poetas brasileiros que mais conseguiu traduzir em palavras o sentimento do amor, tornando-se assim um dos poetas mais populares da Literatura Brasileira. Atuou também no campo musical, fazendo parceria com cantores e compositores brasileiros, e por fim tornou-se também cronista. Produziu os sonetos mais conhecidos da Literatura Brasileira, e escreveu ainda alguns poemas infantis em meados de 1970.
Vinícius de Moraes Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980.

Trabalhando em Los Angeles


A foca

Rio de Janeiro , 1970

Quer ver a foca
Ficar feliz?
É pôr uma bola
No seu nariz.

Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.

Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!

A brusca poesia da mulher amada

Rio de Janeiro , 1938

Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente...
Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte!

A mulher amada é como o pensamento do filósofo sofrendo
A mulher amada é como o lago dormindo no cerro perdido
Mas quem é essa misteriosa que é como um círio crepitando no peito?
Essa que tem olhos, lábios e dedos dentro da forma inexistente?

Pelo trigo a nascer nas campinas de sol a terra amorosa elevou a face pálida dos lírios
E os lavradores foram se mudando em príncipes de mãos finas e rostos transfigurados...

Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo distante das praias Pousada no fundo estará a estrela, e mais além.

A anunciação

Rio de Janeiro , 1962

Montevidéu
Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...

O velho e a flor

Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta 
em pétalas de amor.

Top 10: As principais composições de Vinícius de Moraes

"Garota de Ipanema"
Lançada em 1963 e composta por Vinicius de Moraes e Tom Jobim, é uma das músicas mais famosas do Brasil e é considerada como um marco da bossa nova. A música ainda revelou a musa inspiradora Helô Pinheiro. Segundo o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), a música já foi regravada 240 vezes.

"Eu Sei Que Vou Te Amar"
Também composta por Vinicius e Tom, a música já foi regravada por diversos artistas como Gloria Estefan, Ivete Sangalo, Alexandre Pires e Vanessa da Mata.

"Tarde em Itapoã"
A música foi composta por Vinicius de Moraes em parceria com Toquinho. Segundo o poeta, ele queria que Dorival Caymmi a musicasse, mas Toquinho pegou a letra, foi para São Paulo e voltou três dias depois com a melodia pronta.

"Aquarela"
É composição de Vinicius com Toquinho, Guido Morra e Maurizio Fabrizio, mas ficou famosa na voz de Toquinho. A música fez parte de um disco infantil do cantor e é uma favoritas das crianças de todo o Brasil.

"Pela Luz dos Olhos Teus"
É composição de Vinícius de Moraes mas ficou famosa na voz de Miúcha e Tom Jobim

"Chega de Saudade"
A música é composição de Vinicius de Moraes e Tom Jobim e foi lançada em 1958, no disco "Canção do Amor Demais", de Elizeth Cardoso, considerado como o primeiro álbum de bossa nova

"Samba da Benção" 
Foi uma das primeiras parcerias de Vinícius com o violonista Baden Powell. Nesse samba, pedem a benção aos grandes sambistas e homenageiam os parceiros musicais em meio a um coro de saravás.

"A Felicidade"
Composição de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, foi uma das poucas músicas da trilha original que permaneceu no filme "Orfeu Negro". 

"Insensatez"
Também foi composta por Vinicius de Moraes em parceria com Tom Jobim. Sua versão traduzida para o inglês, fez tanto sucesso que chegou a ser regravada por nomes como Ella Fitzgerald, Frank Sinatra e Iggy Pop.

"Canto de Ossanha"
É mais uma parceria de Vinícius com Baden Powell. Faz parte do álbum "Os Afro-sambas", de 1966, o segundo lançado pela dupla e considerado como um marco por misturar a sonoridade brasileira com a crença e musicalidade da África.


Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.